Uma nova etapa de desafios para o prefeito de Juazeiro do Norte, Manoel Santana (PT). A semana começa com a chegada de técnicos do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) que fazem, entre 22 e 26, inspeção nas contas da Prefeitura. Uma CPI criada na Câmara Municipal investigará denúncias de fraudes em 18 obras construídas pela Prefeitura. O alvo das investigações são as construtoras ASP Ltda e J Filho Ltda e os Secretários de Educação, Ricardo Lima, e de Infraestrutura, Fátima Bandeira. Aliados do Chefe do Executivo Municipal tentam inviabilizar a CPI.
O racha entre os vereadores impôs, em apenas uma semana, duas derrotas a Santana: a primeira foi a CPI e a segunda, a rejeição ao pedido de empréstimo de R$ 2,5 milhões para aquisição de equipamentos de limpeza pública. CPI e TCM investigam obrassuspeitas e rombo na PrefeituraO prefeito de Juazeiro do Norte, Manoel Santana (PT), enfrenta, a partir desta semana, um cerco de investigações que o surpreendem e o deixam em maus lençóis políticos e administrativos. As investigações partem de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).
A CPI – alvo de articulações comandadas pelo próprio Santana para esvaziá-la, irá apurar suspeitas de fraudes em 18 obras executadas pelas Construtoras ASP Ltda e J Filho Ltda. Uma inspeção do TCM, entre os dias 22 e 26, faz uma operação pente fino nos gastos da Prefeitura. A inspeção tem por base o balanço contábil, assinado pelo prefeito e enviado à Câmara de Vereadores, que apresenta um rombo de R$ 37,4 milhões nas contas do Município no exercício de 2009.
Segundo a assessoria de imprensa do TCM, a inspeção terá acompanhamento de representantes do Ministério Público Estadual, e fará uma análise em profundidade nos atos gerenciais praticados, em cada município, com foco direcionado para aspectos como: receitas e despesas em geral, observando detalhamento de licitações, lei de responsabilidade fiscal, recursos recebidos via convênios, contratação de pessoal e previdência.Santana vem, desde o final do ano passado, enfrentando uma maré baixa no Governo Municipal. Perdeu apoio político na base parlamentar na Câmara de Vereadores, virou notícia no Ceará com o desequilíbrio administrativo e financeiro que provocou o rombo nas contas do ano passado e, atualmente, tenta colocar freio em uma CPI que tem começo, mas um término com resultados imprevisíveis.
A CPI, pedida pelo vereador Tarso Magno (PSL), atraiu apoio dos aliados de Santana insatisfeitos com os rumos da administração e, principalmente, com o tratamento dado pelos secretários municipais.O alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito é o suposto benefício a duas construtoras – ASP e J Filho, de propriedade do empresário e presidente do PSC em Juazeiro, Cícero Joaquim. A estreita ligação entre Cícero e o Secretário de Educação, Ricardo Lima, gerou a suspeição e provocou o pedido de CPI tendo como escopo o favorecimento em licitações que as duas construtoras, segundo o vereador Tarso Magno, tiveram nas obras do município. Os laços nessa relação se estreitaram ainda mais com o apoio de Cícero Joaquim à pré-candidatura de Ricardo Lima à Assembléia Legislativa.
Descontentes com o prefeito Manoel Santana e as articulações de Ricardo Lima e da Secretária de Infraestrutura, Fátima Bandeira, os vereadores Amarílio Pequeno (PPS), Delian Pinheiro (PHS), Darlan Lobo (PSDC), Mira Sampaio (PP), Paulo Machado (PSB) e Professor Antônio (PCdoB), todos integrantes da base de apoio ao Governo Municipal, assinaram o requerimento de autoria do vereador Tarso Magno com pedido de instalação da CPI. Entre a última terça-feira e as últimas horas, Santana tentou inviabilizar a Comissão Parlamentar de Inquérito. Chegou a exonerar o secretário de Meio Ambiente, Roberto Sampaio, que, como vereador, reassumiria o mandato, tirando o suplente Paulo Machado, um dos apoiadores da CPI.
O prefeito foi desaconselhado e atendeu as ponderações.O final de semana ganhou movimentos deflagrados para conter a ânsia investigativa dos vereadores. A força tarefa teve a participação do Secretário de Desenvolvimento Agrário do Estado, Camilo Santana – pré-candidato a deputado estadual pelo PT e que tem o apoio de Manoel Santana, e do deputado federal José Nobre Guimarães. Assustados com a repercussão das derrotas impostas pelos vereadores ao prefeito petista, os aliados de Santana ainda não conseguiram contornar a crise que eclodiu com a reportagem do JC sobre o rombo de R$ 37,4 milhões nas contas da administração municipal.Dívidas inviabilizam pedido de empréstimoO prefeito Manoel Santana não esperava a reação dos vereadores que se recusaram a apoiá-lo no pedido de autorização para o Município contrair um empréstimo de R$ 2,5 milhões junto ao Banco do Nordeste para aquisição de equipamentos destinados aos serviços de limpeza pública. O pedido de empréstimo foi rejeitado pela Câmara Municipal que tem, entre os vereadores, apenas um – Tarso Magno, de oposição ao Governo Santana.
Os argumentos – dados pelos próprios aliados, nasceram dentro da Prefeitura: primeiro, o secretário de Meio Ambiente, Roberto Sampaio, declarara, em entrevista, que não havia necessidade da compra dos novos equipamentos.Santana se surpreendeu com a derrota na mesma tarde – terça-feira (16), em que viu, também, os vereadores que o apóiam assinarem uma CPI para apurar supostas fraudes em obras do município. As duas derrotas o levaram a indicar o procurador do Município, Bernardo de Oliveira, como interlocutor junto a Câmara de Vereadores. As negociações e tentativas de apaziguar os ânimos não evoluíram e os vereadores, a cada conversa, não escondiam a animosidade com os secretários municipais, nem a insatisfação com o próprio Santana.